Como as empresas podem aumentar a equidade de gênero na liderança?

Uma pesquisa recente denominada “Mulheres na Liderança 2023”, apresentada pelo Jornal Valor Econômico, destaca os avanços da pauta de Diversidade nas empresas. No entanto, a pesquisa também aponta para a questão da interseccionalidade e seus reflexos nas organizações, especialmente em relação às mulheres maduras, cruzando gênero e idade.

Por que será que as mulheres maduras enfrentam tantos desafios para chegarem ao topo?

Interseccionalidade, o que é isso?

A interseccionalidade é um termo que se refere à soma de formas de exclusão social, conforme condições identitárias de raça, gênero, sexualidade e classes sociais. A experiência de quem vive a intersecção de dois ou mais marcadores identitários é maior do que a soma destes preconceitos.

Mulheres são mais atingidas pelo etarismo nas organizações. Elas são frequentemente discriminadas por sua idade e gênero, enfrentando barreiras adicionais para avançar em suas carreiras e alcançar posições de liderança.

Essas barreiras envolvem dificuldades crescentes em encontrar oportunidades de emprego ou avançar na carreira devido à idade. Muitas vezes, elas encontram ambientes de trabalho hostis ou não inclusivos, além de poucas oportunidades de treinamento e desenvolvimento.

Impactos nas organizações

A pesquisa, realizada com 207 empresas, avalia as companhias que possuem as melhores práticas para a ascensão feminina a cargos de liderança. Os resultados mostram que 85% das empresas aumentaram o monitoramento da proporção entre homens e mulheres, reforçando a importância da conscientização e acompanhamento dos dados.

Os resultados do estudo validam a afirmação de que a interseccionalidade é um fator importante nas organizações, porém, as mulheres seguem com dificuldades em atingir o topo.

O impacto positivo das ações de equidade de gênero reflete um aumento de apenas 14% de mulheres com idade acima de 50 anos nas organizações. Isso mostra que ainda há muito trabalho a ser feito para promover a diversidade e a inclusão nas empresas.

A divulgação dos dados pode ser uma importante ferramenta para promover a reflexão e incentivar iniciativas para a mudança. Isso é especialmente relevante para as organizações preocupadas com os parâmetros internos ligados às práticas de ESG (Environmental, Social and Governance).

Esta matéria aprofunda algumas ações realizadas por empresas para impulsionar a liderança feminina: https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2023/03/31/calculo-proporcional.ghtml

Ações voltadas para as mulheres

Para mudar os resultados, é fundamental investir na inserção digital, incentivada e promovida pelas empresas através de ferramentas de desenvolvimento e atualização. Isso pode ajudar a criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e seguro para todos, especialmente para as minorias.

O monitoramento da proporção entre homens e mulheres é fundamental para entender e abordar as desigualdades de gênero nas empresas. Com dados precisos, as organizações podem desenvolver estratégias eficazes para promover a ascensão feminina e melhorar a diversidade em seus quadros de liderança.

Abordando Temas Tabus

Assuntos considerados tabus, como etarismo, interseccionalidades, menopausa no trabalho e flexibilidade de horário de trabalho para mulheres, precisam ser tratados com objetividade e intencionalidade. Com a ajuda de especialistas, as empresas podem promover sensibilizações, programas intencionais, mentorias e patrocínios para criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e respeitoso.

Segurança Psicológica

A criação de um ambiente seguro e inclusivo é fundamental para promover a diversidade e a inclusão no trabalho. Isso pode ser alcançado através de ações específicas, como a promoção da igualdade de oportunidades, a eliminação de barreiras e a criação de espaços de diálogo e reflexão.

Atuar de forma reativa tem sido a prática e, por conta disso, as intervenções permanecem rasas. Para aprofundar esta pauta, as lideranças deveriam ser responsabilizadas por seus avanços. 

Fran Winandy, Abril 2023

Link para matéria no Jornal Valor Econômico de 31/03/2023: https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2023/03/31/equidade-de-genero-demanda-iniciativas-com-maior-impacto.ghtml