Pesquisa Nacional sobre preferências de trabalho

A pesquisa Datafolha https://folha.com/o5bdkzlq publicada pelo Jornal “A Folha de São Paulo” em 20 de junho de 2025, realizada com cerca de 2.000 pessoas, traz resultados interessantes sobre as preferências dos trabalhadores em relação ao tipo de emprego.

É notável que a preferência por trabalhar por conta própria seja uma tendência transversal a todas as faixas etárias, com destaque para os mais jovens. No entanto, os resultados também mostram que as mulheres e pessoas acima de 45 anos valorizam mais a segurança de um emprego com carteira assinada.

Mulheres e profissionais 45+ preferem CLT

É provável que essa preferência das mulheres e profissionais mais velhos seja influenciada pela garantia de acesso a benefícios como férias, 13º salário e assistência médica, além da estabilidade de ter um salário garantido.

Esses benefícios podem ser especialmente importantes para esses grupos, que podem ter mais responsabilidades financeiras e familiares. A pesquisa sugere que a segurança e a estabilidade no emprego são valores importantes para muitas pessoas.

Mais pobres priorizam CLT

Outro achado da pesquisa é que, quanto menor a renda, maior a importância dada à carteira de trabalho assinada.

As diferenças aparecem também nos recortes por escolaridade: aqueles com ensino fundamental são os que mais consideram um emprego CLT mais importante.

Aposentados e Funcionários Públicos preferem CLT

Quando o recorte é por ocupação, os aposentados e os funcionários públicos são os que são mais favoráveis à ocupação formal, o que não é surpreendente.

Os aposentados, que já passaram pela experiência de contribuir para a previdência e gozar de benefícios, podem valorizar a estabilidade e a segurança proporcionadas por um emprego formal.

Além disso, a preocupação com uma vida longeva, aliada a um histórico de falta de planejamento financeiro, pode torná-los mais cautelosos e propensos a apreciar a segurança financeira que um emprego formal pode oferecer.

Um emprego com ” carteira assinada” pode ser especialmente importante para garantir uma aposentadoria confortável e tranquila, sem preocupações financeiras excessivas.

Já os funcionários públicos, que geralmente gozam de estabilidade e benefícios garantidos, podem ter uma visão mais positiva da ocupação formal devido à sua própria experiência.

Além disso, ambos os grupos podem ter uma maior consciência da importância dos direitos trabalhistas e da proteção social proporcionada pelo emprego formal. Isso pode influenciar sua preferência por um tipo de ocupação que ofereça mais segurança e estabilidade.

Afinal, quem prefere trabalhar por conta própria?

A preferência por trabalhar por conta própria parece ser mais comum entre jovens e profissionais com menos de 45 anos.

A experiência do trabalho remoto durante a pandemia pode ter contribuído para essa tendência, pois muitos trabalhadores perceberam que tinham mais liberdade e flexibilidade para gerenciar seu tempo e trabalho.

A volta ao trabalho presencial imposta pelas empresas pode ter gerado insatisfação entre os trabalhadores, como demonstram pesquisas realizadas com a geração Z. https://exame.com/carreira/retorno-presencial-pode-afastar-geracao-z-do-mercado-diz-estudo/

 Encargos e autonomia: aspectos importantes

Os altos encargos trabalhistas podem ser um obstáculo para que os trabalhadores recebam aumentos salariais mais significativos. Isso pode levar a uma percepção de que trabalhar por conta própria oferece mais oportunidades de ganhos financeiros e autonomia.

Tendências no Mercado de Trabalho

O relatório “People at Work 2022” compila resultados de pesquisa com mais de 32 mil trabalhadores em 17 países, incluindo Brasil.

Nele, uma tendência: 71% dos jovens considerariam buscar outro emprego se fossem obrigados a trabalhar 100% presencial.

A flexibilidade e a autonomia no trabalho são valores importantes para a geração mais jovem.

A imposição de um regime presencial integral afeta a satisfação e retenção desses profissionais no mercado de trabalho.

Como resultado, a tendência aponta para uma crescente pressão política por reduções nos encargos trabalhistas e maior flexibilidade no mercado de trabalho, o que pode refletir as necessidades e desejos dos trabalhadores mais jovens e autônomos.

Imagem de mulher trabalhando em escritório