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📌 Por que medir o repertório importa?


No universo corporativo, métricas como ROI, ROE e NPS dominam a gestão. Mais recentemente, o ROX (Return on Experience) trouxe à tona a importância da experiência do consumidor. No campo da gestão de pessoas, o conceito de employee experience passou a avaliar como os colaboradores percebem e vivem o ambiente de trabalho.

Neste artigo, publicado originalmente na HSM Management https://hsmmanagement.com.br/roex-o-retorno-sobre-repertorio-como-capital-estrategico/ apresentamos uma proposta inovadora: o ROEx — Retorno sobre Repertório Acumulado.

Em parceria com Martin Henkel — especialista em posicionamento e desenvolvimento de produtos voltados ao mercado de consumo 60+ — desenvolvi a métrica ROEx com o objetivo de trazer uma nova perspectiva à gestão de talentos. Atuo diretamente na implantação de programas de Diversidade Geracional em organizações, e, juntos, criamos uma abordagem que reconhece e valoriza o repertório acumulado ao longo da vida profissional. Ao unir nossas experiências, conseguimos estruturar uma métrica que transforma vivência em valor estratégico, especialmente em contextos multigeracionais.

Nosso propósito é claro e bem definido: destacar o repertório dos profissionais como um ativo estratégico, sobretudo em equipes multigeracionais. À medida que reconhecemos o valor da diversidade etária, conseguimos transformá-la em uma vantagem competitiva concreta. Com essa abordagem, o ROEx passa a desempenhar um papel essencial na construção de uma gestão mais inclusiva, mais inteligente e, acima de tudo, orientada para resultados sustentáveis.

🔍 O que é ROEx?

O ROEx mede, de forma objetiva, o impacto do repertório profissional acumulado ao longo da trajetória de cada colaborador. Em vez de limitar-se à contagem de tempo de atuação, essa métrica valoriza aspectos mais profundos e relevantes. Ela considera, por exemplo, a intensidade das vivências, o grau de aprofundamento nas experiências e, sobretudo, o propósito que orienta o envolvimento do profissional com seu trabalho.

Ao adotar esse olhar mais abrangente, o ROEx permite reconhecer o verdadeiro valor da experiência — não como um dado estático, mas como um ativo dinâmico e estratégico para a organização.

Para isso, o ROEx considera quatro pilares essenciais:

  • Vivências em cenários complexos e adversos, que revelam a capacidade de lidar com desafios reais.
  • Capacidade de adaptação a mudanças, demonstrando flexibilidade diante de transformações organizacionais e de mercado.
  • Preservação da cultura organizacional, garantindo a continuidade dos valores e práticas que sustentam a identidade da empresa.
  • Compreensão da dinâmica humana nas equipes, promovendo relações mais empáticas, colaborativas e produtivas.

Esses elementos tornam o repertório um ativo estratégico — e mensurável — dentro da gestão de pessoas.

📊 Como mensurar o ROEx: Retorno sobre Repertório Acumulado

Embora o repertório profissional possa parecer subjetivo à primeira vista, propomos indicadores concretos que ajudam a mensurá-lo com mais precisão. Um exemplo claro é a velocidade na tomada de decisão — profissionais com maior experiência tendem a reconhecer padrões com agilidade e evitar armadilhas recorrentes.

Além disso, destaca-se o conhecimento tácito, aquele saber não documentado que sustenta a cultura e as práticas organizacionais. Esse tipo de conhecimento, muitas vezes invisível aos olhos das métricas tradicionais, é essencial para manter a coerência interna e a identidade da empresa.

Além dos pilares centrais do ROEx, o artigo original também destaca outros indicadores relevantes que reforçam o valor da experiência acumulada. Entre eles, estão a capacidade de mediar conflitos, que contribui para ambientes mais colaborativos; a economia de recursos, viabilizada pela antecipação de riscos; e a maturidade emocional, essencial para lidar com pressões e promover equilíbrio nas equipes.

Quando analisamos esses elementos em conjunto, percebemos como eles ampliam significativamente o alcance do ROEx. Além de reforçar sua aplicabilidade, eles consolidam a métrica como uma ferramenta prática e estratégica para a gestão de pessoas.

A partir dessa integração, o ROEx consegue traduzir aspectos intangíveis — como vivências, percepções e aprendizados — em indicadores mensuráveis. Com isso, transforma a experiência acumulada dos profissionais em vantagem competitiva real, contribuindo diretamente para a sustentabilidade e a inovação nas organizações.

👥 O papel dos gestores e RH

O ROEx propõe uma mudança de paradigma: reconhecer o capital humano sênior como um ativo estratégico, e não como um custo operacional. Essa métrica pode ser aplicada tanto em processos de seleção quanto em programas de desenvolvimento de talentos.

👉 Na fase de seleção

É possível avaliar o ROEx por meio de perguntas comportamentais previamente estruturadas (detalhadas no artigo original). Essas questões permitem que profissionais de Recursos Humanos e gestores identifiquem, com mais precisão, o repertório acumulado de cada candidato.

👉 Já na gestão interna

A mensuração do ROEx torna-se ainda mais acessível. Recomenda-se que o gestor realize uma avaliação anual, mesmo que a empresa não conte com um programa formal de gestão de desempenho. Esse acompanhamento gera registros consistentes, que ajudam o RH a planejar intervenções, reconhecer talentos e promover ações de retenção mais eficazes.

Medir o ROEx de colaboradores internos é mais simples. Recomenda-se uma avaliação anual pelo gestor, mesmo sem um processo formal de gestão de desempenho, gerando registros valiosos para acompanhamento e intervenções do RH

📣 Conclusão: ROEx: Retorno sobre Repertório Acumulado

Ainda que muitas empresas contem com programas estruturados de gestão de desempenho, elas frequentemente falham em reter talentos experientes. Em grande parte dos casos, a justificativa recai sobre a necessidade de reduzir custos, o que acaba resultando no desligamento de profissionais com excelente performance e longa trajetória dentro da organização.

Além disso, durante os processos seletivos, observa-se uma carência significativa de ferramentas capazes de avaliar competências de forma justa e abrangente. Como consequência, inúmeros candidatos com mais de 50 anos são descartados prematuramente, sem que suas experiências e habilidades sejam devidamente consideradas.

Diante desse cenário, o ROEx se apresenta como uma alternativa eficaz. Ao oferecer uma métrica clara e aplicável, ele contribui para promover ambientes mais inclusivos, equitativos e estrategicamente orientados à valorização da diversidade geracional. Com o ROEx, é possível transformar o repertório acumulado em vantagem competitiva — e não em critério de exclusão.