Interseccionalidade é o termo que descreve a sobreposição de formas de exclusão social, conforme marcadores identitários como raça, gênero, sexualidade e classe. Neste artigo, abordamos dois grandes preconceitos: etarismo e racismo.

Esses dois vieses, quando combinados, revelam camadas profundas de exclusão. A experiência de quem vive essa intersecção vai além da simples soma dos preconceitos.

O envelhecimento, nesse contexto, intensifica ainda mais as barreiras enfrentadas. Ao somarmos etarismo e racismo, colocamos uma lupa sobre problemas estruturais que afetam diretamente a inclusão e a representatividade nas organizações.

Invisibilidade do Afroconsumidor 50+

Hoje, o Observatório da Longevidade publicou em sua página do LinkedIn um artigo sobre os Afroconsumidores 50+, um público frequentemente invisibilizado pelas empresas — mesmo que sua renda estimada ultrapasse 900 bilhões de reais no Brasil.

Além disso, esse grupo representa a maioria da população 50+, com cerca de 33 milhões de pessoas, e segue crescendo, ampliando sua presença nas empresas e, consequentemente, seu poder de consumo na sociedade. Diante desse cenário, o artigo nos convida a refletir: por que esse público ainda não é alvo das campanhas da maioria das empresas? Será que a ausência de representatividade nas áreas de marketing e publicidade contribui diretamente para essa negligência?

Somos um país de maioria negra – e ainda assim, excludente

É curioso — e, ao mesmo tempo, preocupante. Embora sejamos um país de maioria negra, com mais de 114 milhões de pessoas autodeclaradas como afrodescendentes segundo o IBGE (2022), essa parcela da população continua sub-representada em áreas estratégicas das empresas. Diante disso, é legítimo questionar: será que essa exclusão está relacionada às decisões das lideranças, ainda majoritariamente brancas?

Por outro lado, fala-se muito sobre o potencial da diversidade nas organizações. No entanto, é preciso ir além do discurso. Além dos compromissos legais e da justiça social, inúmeras pesquisas já demonstraram que equipes com perfis plurais geram mais inovação, engajamento, lucratividade e competitividade. Em síntese, diversidade não é apenas uma pauta ética — é uma estratégia inteligente e necessária.

Diversidade faz a diferença, mas precisa ser colocada em prática

Empresas que valorizam a diversidade nas organizações ampliam sua conexão com os clientes, incorporando expectativas, vivências e necessidades reais ao seu dia a dia. Além disso, abordagens plurais estimulam a inovação — um fator essencial para a sobrevivência e o destaque competitivo no mercado.

Mais do que isso, empresas diversas atraem melhores talentos, que, por sua vez, contribuem para torná-las ainda mais fortes, criativas e adaptáveis. Por essa razão, diversidade não pode ser apenas discurso, nem pauta sazonal em semanas temáticas.

Diversidade é prática diária, estratégica e transformadora.

Fran Winandy