Nós e os robôs

O futuro do trabalho é objeto inesgotável de profecias e fantasias. Personagens secundários da história, assistimos como figurantes à nossa iminente substituição por robôs.

Em pleno século XXI, a mudança do modelo de trabalho e o pesadelo do desemprego, contra todos os prognósticos, não foi culpa da inteligência artificial: uma pandemia global arrastou mais de 15 milhões de brasileiros para o desemprego e transformou a vida de outros tantos através do processo de uberização do Mercado de Trabalho, nos ensinando que o desemprego pode vir de crises que nem sabemos direito de onde vem.

As miragens trazidas por cada instabilidade de mercado, recessão econômica ou revolução tecnológica nos assombram, mas seguimos em frente, tentando não demonstrar nossas vulnerabilidades nem pensar naquilo que nos incomoda, como fazemos com a velhice ou com a morte.  

É assim também com os robôs, mutantes, que tomam nossos empregos reais ou imaginários.

Enxergar o copo meio cheio ou meio vazio

Pensar numa velhice mais jovial, num final saudável, lúcido e num intercâmbio divertido com outras gerações pode ser um exercício gratificante. Desconstruir o olhar contaminado por estereótipos que temos uns sobre os outros também, afinal, já passeamos por outros lugares e nossa lente pode ser mais complacente.

Perdemos espaço frente às novas tecnologias e novas ocupações surgem todos os dias, trazendo uma sopa de letrinhas infinita como desafio para quem procura emprego nos tempos atuais, CDIO, CUO, CPO, CGO: o que seria de nós sem o Google?

Escolhemos ou somos escolhidos?

Trajetórias são caminhos únicos. Se olharmos pelo retrovisor da vida, dificilmente encontraremos na pessoa de 60 o percurso traçado pela pessoa que fomos aos 20. Nunca saberemos se escolhemos o melhor caminho. Aliás, será que fomos nós que escolhemos?

Jovens decidindo

Decidir nosso futuro profissional na juventude é tarefa ingrata: tentamos decifrar o indecifrável em meio a um bombardeio de opiniões e possibilidades. Foi assim com todos nós antes mesmo do uso do computador ou internet, quando os androides já habitavam o nosso imaginário. Mas na juventude achamos que sabemos das coisas.

A mudança é a única certeza

Não é de hoje que a mídia sensacionalista e especuladores alardeiam o fim do trabalho. A inteligência artificial usada como extensão de nossas habilidades é fato, assim como a mudança de nossas certezas ao longo da vida.

Negócios nascem e morrem, assim como nós. Ideias disruptivas trazem mudanças em ondas e, como diria Lulu Santos, nada do que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia.

A geração prateada viu surgir o computador, a internet, o celular, a televisão colorida, o videocassete, Blu-Ray, CD, DVD, plataformas de streaming, redes sociais, dentre tantas novidades, muitas já ultrapassadas e desconhecidas das novas gerações.

Empregabilidade

O conceito de empregabilidade também sofreu mudanças ao longo dos tempos: saber lidar com a IA é parte deste conceito. Antes, o pulo do gato era saber lidar com tecnologia. Nada muito diferente. Assim como ter uma boa rede de relacionamentos, com humanos, no caso.

Robôs assumirão empregos e pessoas serão demitidas, um déjà vu que nem é futuro mais. Máquinas não entram em greve, nem ficam doentes, embora, como nós, necessitem de manutenção. Aliás, o recomendável, em ambos os casos, é que a manutenção seja preventiva.

Hoje ainda lidamos com um tipo de Inteligência Artificial que é limitada, dirigida e controlada por padrões. Em breve, ela será capaz de aprender e raciocinar, o que finalmente irá aproximá-la de nossos devaneios juvenis.

Matéria recente da Forbes coloca, entre outros dados interessantes relacionados ao tema “carreira”, que 46% dos 2.153 candidatos a emprego pesquisados pelo Resume Builder recorrem ao ChatGPT na hora de fazer seus currículos ou cartas de apresentação. Isto reforça que saber lidar com IA pode encurtar caminhos e trazer mais oportunidades de trabalho.

Correndo o risco de chover no molhado, não adianta remar contar a maré, temos que seguir o fluxo. Você pode até ficar sem emprego, mas trabalho sempre haverá. Como diria a Dory, personagem do filme “Procurando Nemo”: Quando a vida te decepcionar, continue a nadar!

Fran Winandy para LinkedIn News Carreiras