
As leis de cotas geram debates intensos, especialmente por tratarem de temas polêmicos. Em geral, elas garantem vagas para minorias em espaços historicamente inacessíveis. No entanto, quando o assunto é sobre leis de cotas para idosos nas empresas, o desconforto aumenta. Poucos querem discutir a inclusão de profissionais mais velhos no mercado de trabalho. Ainda hoje, muitos ignoram que o envelhecimento populacional exige novas políticas. E cotas para idosos podem ser parte da solução — mesmo que incomodem.
O debate sobre cotas começou nas universidades, com foco na inclusão de estudantes de grupos historicamente excluídos. Depois, avançou para os concursos públicos, ampliando o acesso a cargos estatais. Hoje, os holofotes se voltam para o setor privado. No ambiente corporativo, discute-se a presença de mulheres em Conselhos de Administração, a inclusão de pessoas com deficiência nas equipes, e a representatividade de negros, mulheres e outros grupos minorizados.
Nas empresas, a mais conhecida possivelmente seja a Lei de Cotas para Deficientes, hoje com quase 25 anos de idade, regulamentada e cumprida por menos de metade das empresas brasileiras. Na prática, o governo começou a fiscalizar essa lei há apenas 12 anos. Desde então, empresas com 100 ou mais funcionários devem preencher de 2% a 5% dos cargos com pessoas com deficiência ou reabilitadas. Além disso, a proporção de vagas obrigatórias aumenta conforme o tamanho da empresa.
Para alguns, as cotas são vistas como possibilidade de inclusão, para outros, discriminação. Uma coisa é certa: elas abrem caminho para as minorias. Mas será que deveríamos ter leis de cotas para idosos nas empresas? Sobre a criação de cotas para idosos em universidades, consulte aqui: MEC debate criação de cotas para idosos em instituições federais — Ministério da Educação
Minorias e Grupos Minorizados
Inicialmente, é crucial entender que minorias se referem a grupos com menor representação numérica. Já grupos minorizados são aqueles que enfrentam marginalização e exclusão. Portanto, a sociedade discrimina e exclui idosos e pessoas com deficiência, o que os torna grupos minorizados em diversos contextos sociais e profissionais.
De acordo com dados recentes, a Lei Brasileira de Inclusão (2016) veio para reforçar os direitos das pessoas com deficiência, beneficiando 45,6 milhões de brasileiros, ou seja mais do que uma Argentina inteira!.
Sem a Lei de Cotas — aquela que muitas empresas ignoram — o mercado de trabalho excluiria ainda mais pessoas com deficiência. Pense bem: você pensaria em contratar alguém com deficiência se não houvesse obrigação legal?
Agora vamos brincar um pouco com a nossa imaginação. Vamos pensar nos idosos do Brasil, sim, aqueles com mais de 60 anos, que as empresas querem ver longe, aposentados!. Aliás, aqueles que as empresas rejeitam desde os 45, 50 anos!. Aqueles para os quais nem se cogitam cotas, aquelas 23 milhões de pessoas com mais de 60 anos que hoje vivem no Brasil .
Profissionais 50+
Dentro de 10 anos, as pessoas que hoje têm 50 anos formarão a sexta maior população de idosos do mundo. Enquanto isso, nossas empresas seguem sem qualquer iniciativa concreta para se preparar. Ainda mais preocupante, os próprios “interessados” também não estão se mobilizando.
Algumas tímidas iniciativas, que de tão inusitadas ganharam páginas de revistas importantes: empresa x contrata 2 profissionais com idade acima de 60 anos. Dois! Ok, como temporários, sem uma função definida, mas já é motivo de comemoração! Afinal, alguém pelo menos está fazendo alguma coisa!
Perguntas para você
E você? Contrata profissionais com idade acima de 60 anos? Ok, acima de 50? De 40? Qual é o percentual de profissionais com mais de 50 anos na sua empresa? Existem chances de desenvolvimento para profissionais mais velhos na sua organização?
Quantos anos você tem? Será que não está na hora de fazer algo à respeito?
Será que a única solução para o problema será a implantação da lei de cotas para idosos nas empresas?