A crise brasileira que vem assustando profissionais de diversos níveis hierárquicos tem sido especialmente complicada para os executivos, que muitas vezes levam cerca de um ano para se recolocar, quando o conseguem. Os altos custos relacionados aos encargos trabalhistas envolvendo salários, impostos e benefícios para cargos mais altos traduzem-se em maiores dificuldades de reinserção no Mercado de Trabalho.
Uma alternativa que surge é a atuação em projetos de consultoria dentro de organizações que requeiram uma experiência específica e sólida em uma área e setor para a condução de um projeto pontual. Por exemplo, a contratação de um executivo da área de Recursos Humanos que tenha experiência na implantação de projetos de remuneração variável no Setor de Varejo para liderar um projeto de integração e alinhamento dentro de uma cadeia de lojas de departamentos na região Sul do país recém adquirida por um grupo líder no setor farmacêutico.
Este tipo de demanda é responsável pelo crescimento de um modelo de consultoria denominada “Interim Management “, com foco voltado para projetos temporários dentro de empresas e desenvolvido por profissionais de nível sênior, com trajetória consistente em áreas e setores específicos. Esta modalidade oferece às empresas a oportunidade de absorver estes conhecimentos em momentos pontuais, a um custo mais acessível e aos profissionais a oportunidade de continuar sua trajetória, ainda que de uma forma diferente.
Os modelos de Interim Manegement são diversos, podendo ir da contratação direta de um profissional sênior por uma empresa, passando por consultorias tradicionais (que contratam estes executivos para programas vendidos por elas), a um formato novo que desponta no Brasil, de atuação conjunta de diversos profissionais que se unem para oferecer os seus serviços dentro de um programa estruturado de negócios. Neste último, muitas vezes colegas fazem a ponte comercial entre o executivo e a empresa contratante.
A solução parece simples, um empurrãozinho para quem nunca teve a coragem ou a oportunidade de colocar em prática a sua “veia empreendedora”. Mas será que todos têm esse perfil? Para muitos executivos, fazer o trabalho é simples. Acostumados a enfrentar desafios complexos relacionados à sua área de experiência, conseguem, muitas vezes, aplicar este conhecimento em outras empresas do mesmo setor com uma velocidade muito maior do que a de um consultor generalista de negócios. Porém, muitas vezes lhes faltam método, desenvoltura em atuar em culturas diferentes, disposição em colocar a “mão na massa” e não sabem como ou a quem oferecer os seus serviços para abrir frentes de negócio: ingressar numa consultoria com este formato já delineado pode encurtar o caminho.
Ainda que características pessoais empreendedoras tradicionais sejam minimizadas neste tipo de iniciativa, é importante que o executivo reflita se está disposto a trabalhar neste modelo, abrindo mão de vínculos aparentemente mais seguros, como contrato em carteira de trabalho e afins. Além disso, irá atuar por períodos mais curtos e poderá ter espaços de tempo livre entre um projeto e outro difíceis de administrar se não mudar o seu “mindset”.
No Brasil, este desenho já era relativamente corriqueiro no relacionamento com start-ups que, antes de trazer seus profissionais ou contratá-los no país, contratava altos executivos com grande experiência para iniciar as atividades da empresa e, muitas vezes até para auxiliar no processo de contratação ou integração de gestores. A novidade é o número de empresas já estabelecidas que começam a considerar a contratação de gestores temporários para implantação de projetos ou realização de trabalhos específicos.
Isto demanda uma mudança de paradigmas de ambos os lados, tratando-se de uma nova relação de trabalho. Um case concreto de transformação de uma situação de crise em oportunidade!