O processo de envelhecimento é, para a maioria das pessoas, uma experiência desagradável e até amedrontadora. A chegada à velhice traz à tona diversos questionamentos existenciais como a proximidade da morte e a prostração física e psíquica acarretadas pelo peso dos anos nas costas.
Para alguns, no entanto, esse momento é sinônimo de reinvenção pessoal, superação dos limites e conquista de desafios. A história de sete brasileiros que decidiram fazer da terceira idade o melhor período de suas vidas inspirou o diretor Gabriel Martinez a produzir esse documentário, um registro inspirador sobre a quebra de estereótipos e preconceitos com quem está nessa etapa do ciclo da existência.
O longa-metragem reúne depoimentos de gente idosa na carteira de identidade, mas de cabeça e corpos extremamente joviais. São pessoas que se recusam a aceitar os limites impostos por esse estágio da existência, sejam eles físicos ou psicológicos, nos mais diversos campos como o esporte, a arte e no próprio comportamento. Intercalados aos relatos dos personagens, a película inclui entrevistas com especialistas no assunto, como Alexandre Kalache, médico e presidente do Centro Internacional de Longevidade; Mirian Goldenberg, doutora em Antropologia Social e professora em Sociologia e Antropologia do IFCS/UFRJ; e Mario Sergio Cortella, filósofo e escritor.
A obra apresenta figuras curiosas e distantes dos estereótipos de idoso. Judit Gaggiano estampa um corpo lotado de tatuagens e mais de 20 piercings, além de frequentar um moto clube com o filho. Aos 84 anos, o maître Oswaldo Silveira acorda cedo todos os dias e, antes de trabalhar, calça os tênis e encara de 10 a 15 quilômetros de corrida. Entrando em sua nona década, Ono Sensei, mestre de Aikidô, leciona a arte marcial com a destreza e agilidade de um jovem, e Luiz Schirmer continua saltando de paraquedas aos 74 anos.
O público conhece ainda a história de Edméia Corrêa, surfista cuja paixão pelas ondas surgiu depois de ultrapassar a metade de um século de vivência, e Edson Gambuggi, calouro da faculdade de medicina aos 76 anos.
Em cada testemunho, a prova da força do espírito humano e da recusa ao abatimento, ao medo da morte e às limitações da velhice.