O Brasil está envelhecendo — e isso traz impactos diretos para a sociedade, para a economia e para as políticas públicas. A expectativa de vida cresce ano após ano, mas nem todos os brasileiros envelhecem da mesma forma. Diferenças regionais, sociais e de gênero revelam que ainda há muito a ser feito para garantir uma longevidade digna e sustentável no Brasil.

O envelhecimento no Brasil não é apenas um dado estatístico: é uma realidade que exige ação.

Expectativa de vida: um país de contrastes

Enquanto nas regiões Sul e Sudeste a média de vida ultrapassa os 78 anos, no Norte e Nordeste esse número fica abaixo dos 73 anos. Essa disparidade reflete desigualdades históricas no acesso à saúde, educação e condições socioeconômicas. Ou seja, viver mais e ter um envelhecimento sustentável são coisas que não dependem apenas da medicina, mas também das oportunidades que cada região oferece.

Gênero e classe social: desigualdades que persistem

As mulheres vivem, em média, sete anos a mais do que os homens. Porém, enfrentam maior vulnerabilidade financeira na maturidade, resultado de carreiras menos valorizadas e interrupções ligadas ao cuidado familiar.
Já pessoas com menor escolaridade tendem a ter mortalidade precoce, mostrando que fatores sociais influenciam diretamente a qualidade e a duração da vida.

Impactos econômicos: previdência sob pressão

O envelhecimento populacional também mexe com a economia. Em 2023, de acordo com dados da Fecomércio SP, o déficit da Previdência Social chegou a R$ 428 bilhões. Como lidar com um problema que só tende a crescer?

Entre as alternativas propostas por especialistas para conter o avanço do déficit previdenciário estão medidas como o aumento gradual da idade mínima para aposentadoria, o combate à informalidade e a redução das assimetrias regionais e das disparidades entre diferentes regimes de aposentadoria. Essas ações podem contribuir para que o montante do déficit não se amplie nos próximos anos.

Com menos pessoas em idade ativa e mais idosos dependendo do sistema, reformas estruturais tornam-se urgentes para garantir sustentabilidade e proteção social.

Caminhos para um envelhecimento sustentável

Além das alternativas colocadas, para enfrentar esses desafios é essencial investir em:

  • Políticas públicas regionalizadas, que respeitem as diferenças locais.
  • Educação financeira desde cedo, preparando cidadãos para a aposentadoria.
  • Qualificação profissional, permitindo que idosos continuem ativos no mercado de trabalho.
  • Saúde preventiva e acessível, reduzindo custos e melhorando qualidade de vida.

Longevidade é viver mais?

O envelhecimento no Brasil é marcado pela heterogeneidade: não envelhecemos todos da mesma forma. As desigualdades sociais criam realidades paralelas, quase como se habitássemos mundos distintos. Enquanto parte da população chega à maturidade com acesso a saúde de qualidade, estabilidade financeira e oportunidades de lazer, outra parcela enfrenta vulnerabilidades profundas, como precariedade no trabalho, falta de assistência médica e insegurança econômica. Essa dualidade evidencia que a longevidade não é apenas uma questão biológica, mas também social e cultural — e que garantir um envelhecimento digno e sustentável exige enfrentar de forma direta as desigualdades que atravessam o país.

O desafio da longevidade no Brasil não está apenas em acrescentar anos à vida, mas em garantir que esses anos sejam vividos com qualidade, dignidade e propósito. Mais do que viver mais, precisamos assegurar que todos possam viver melhor.

Fran Winandy